Poço de José de Moura - PB

Poço de José de Moura - PB
Praça da Matriz

quarta-feira, 15 de maio de 2019

O Poço de Gonçalo de Moura; O Poço de José de Moura

Ao observar a história de cidades vizinhas, constatamos que a água se constituiu na busca permanente dos colonos, que confirmavam posse através de sesmarias. No Poço não foi diferente, a busca de um refrigério para o gado foi motivo primeiro de ocupação daquelas terras. A tradição oral foi escritas, e ela nos apresenta o Vaqueiro Gonçalo de Moura como o primeiro a pisar naquele solo no ano de 1825. Gonçalo de Moura era vaqueiro de Dona Tomásia de Aquino, um solteirona que residia na cidade de Icó - CE, proprietária de partes de terras localizadas às margens direita do Rio do Peixe. Como a seca de 1824 havia dizimado grande parte do seu rebanho, dona Tomásia na esperança de salvar o que restava enviou seu vaqueiro Gonçalo a buscar em suas terras uma área que servisse de refrigério para o rebanho. O Vaqueiro Gonçalo fez pousada num lugar onde havia uma cacimba, ali abrigou o rebanho de dona Tomásia e se estabeleceu em seguida.

O Vaqueiro era casado com Ana Maria da Conceição e pais de Maria das Dores, esta que se casou no Sítio Poço, em 10 de novembro de 1851, com José Amador Evangelista Junior que residia no Sítio Aracás Município de São João do Rio do Peixe (Antiga Antenor Navarro). O Casal José Amador e Maria das Dores tiveram sete filhos: Felinto Alves de Moura, Gertrudes Maria Alves, Maria Alves de Moura, José Alves de Moura, Duca Amador de Moura e Manuel Alves de Moura. O patriarca da família Moura, Gonçalo de Moura, se estabeleceu no Poço até ser vitimado por uma bronquite. Seu sepultamento ocorreu no Cemitério da Vila de São João do Rio do Peixe, em 11 de Abril de 1874, quando contava com idade de 80 anos.

O filho do Casal, José Amador e Maria das Dores, chamado Manuel Alves de Moura, casou-se com  Philomena Ribeiro de Carvalho, em 20 de junho de 1888, onde tiveram cinco filhos: José Alves de Moura, Tirso Alves de Moura, Celso Alves de Moura, Maria das Dores e Adília Alves de Moura. Dentre os filhos do casal, destaca-se o primogênito José Alves de Moura, O Zé de Moura, aquele que com toda honra é considerado o fundador , mesmo não sendo ele o primeiro a ocupar aquele sítio.

José Alves de Moura, Zé de Moura, nasceu em 13 de Outubro de 1889, sendo batizado pelo Padre Costa, na capela de Belém (Hoje Uiraúna) em 24 de novembro daquele mesmo ano. Foram seus padrinhos o Major Abdon Gonçalves e sua mulher Antônia Gonçalves Candeia, os antigos patrões de Philomena. Philomena, mãe de Zé de Moura, faleceu no dia 06 de setembro de 1899 de uma copilação de parto, estando assim com a idade de 43 anos. Deixando assim, cinco crianças pequenas. Entre elas, José de Moura, o mais velho com a idade de dez anos e Adília com apenas um ano e seis meses.

José de Moura ficou por algum tempo sob cuidados do padre Joaquim Cirilo de Sá, este mantinha uma grande amizade com seus pais. Convivendo com aquele sacerdote aprendeu muito sobre os assuntos espirituais, o que lhe despertava curiosidade.

Manuel não desejava ver seus filhos analfabetos, por essa razaõ contratou uma professora da cidade de Luis Gomes - RN para passar a semana inteira em sua casa ensinando as crianças. Após o processo de alfabetização, depois de terem aprendido a ler, escrever e fazer contas, os irmãos José e Adília foram frequentar uma escola na cidade do Crato - CE onde tinham parentes da parte de sua mãe Philomena. José estudou ainda na escola particular do Professor Miguel Carlos Wanderley, entre os anos de 1902 a 1905, porém seu futuro não se destinava a algum tipo profissional, desde aquela época já se mostrado às práticas da oração.

Em sua adolescência se desviou dos ensinamentos de padre Sá, entregando-se ao vício da bebida, chegando ao ponto de trocar tudo que tinha até mesmo sua última vaca para satisfazer seus vícios. Entretanto, ocorre uma mudança na vida do jovem, já chamado de "Rapaz velho". Do vício da bebida para a penitência, a mudança era algo inexplicável , até mesmo para os seus familiares, que comentavam ter ele enlouquecido.

Rezador, curandeiro, benzedor. Muitas eram as orações: terços, rezas e ladainhas recitadas por Zé de Moura, como passou a ser conhecido. Começou a participar das primeiras sextas-feiras na Matriz de  Antenor Navarro (São João do Rio do Peixe) ou na de Belém (Uiraúna). Foi numa dessas viagens, na volta de Antenor Navarro ao sítio Poço, mais ou menos no sítio Olho d'água debaixo de um pé de Juazeiro, onde ele descansando da viagem teve uma visão ou um sonho, onde lhe aparecera um rapaz que lhe entregara uma porção contendo um líquido. Segundo aquele rapaz, bastava dar uma porção do líquido misturado a chá de raízes que se curaria qualquer enfermidade. Caso o líquido se esgotasse continuasse Zé de Moura a receitar o chá de raízes que teria o mesmo efeito. O Rapaz ainda ressaltou que ele não deveria cobrar nada em benefício próprio pelo que fazia.

Passou assim Zé de Moura a consultar em sua residência todos os que viam a sua procura ganhando assim grande fama. Saía acompanhado por uma banda Cabaçal, organizada por ele, a pedir esmolas para erguer uma capela e cruzeiros em vários locais do município, como em Bandarra e no Panta. Suas orações que eram envolvidas por um mistico, atraiam pessoas de diversos lugares do estado, como do Brasil. Como afirmam os que conviveram naquela época, diversas curas inexplicáveis, e diante disso se avultava durante todo o ano, grande número de pessoas para consultas, pedir a cura ou orações.

Em uma de suas romarias ao Juazeiro do Norte, encontrou numa banca um livro que tratava de histórias de santos e ao folheá-lo foi surpreendido pela figura de São Geraldo Majella, tendo imediatamente associado à fisionomia do rapaz que lhe aparecera na estrada do Poço. A partir de então, Zé de Moura torna-se fiel devoto do santo, tratando logo de expandir aquela devoção em seu povoado. Como nos conta a tradição, em 02 de fevereiro de 1928 chegou à povoação do Poço a primeira imagem de São Geraldo, trazida por Zé de Moura e provavelmente tinha procedência do Ceará, pois havia passado pela casa do Major José Cirilo na Barra do Juá.

Muitos foram os festejos preparados por Zé de Moura para receber a imagem de São Geraldo a qual permaneceu por alguns anos numa primeira capela, ou simplesmente "oratório" ou "casa de oração", como uma porta de frente e mais duas em cada lado, localizada onde atualmente é a Rua Celso Alves de Moura. Neste mesmo ano, foi realizada a primeira festa de São Geraldo.

Devido ao crescimento da festa e devoção do povo aquele santo, resolveu Zé de Moura construir um novo templo com maiores dimensões. O terreno foi abençoado em 1937, pelo Bispo Diocesano Dom João da Mata Andrade e Amaral, tendo logo em seguida iniciados os trabalhos de construção. Neste mesmo ano, devido  a questões de divergências entre limites territoriais, surgiu um desentendimento entre a família Moura e o chefe politico do município, o Padre Joaquim Cirilo de Sá. Chegou-se ao ponto do padre ter denunciado a saúde pública por curas realizadas pelo mistico, classificando-o de charlatão. Para o cumprimento da lei o velho foi preso pelo tenente Heliodoro (Zuza Liodoro)entre os meses de janeiro e fevereiro de 1938, a prisão não se prolongou devido a experiência do seu advogado Dr. Pinto, que requereu a soltura do velho de 50 anos de idade. Após o episódio, Zé de Moura se afastou de sua residência e orações, voltando somente no ano de 1939.

O Pe. Sá não aceitava a doação do patrimônio de São Geraldo para a paróquia Nossa Senhora do Rosário. Os trabalhos de construção da capela reiniciados em 1938, pelo mestre Ageu representava uma afronta à autoridade do chefe religioso e político do município, diante disso nunca tenha celebrado missa ou sacramento naquele templo. As celebrações ficavam a cargo do novo vigário paroquial Pe. Manuel Jácome, empossado na paróquia em 1928.

As ampliações do templo ocorreram com o passar do tempo. A torre foi concluída no ano de 1947. Os dois corredores laterais e a cúpula que se sobrepõe ao altar principal só foram construídas em 1950. A cúpula foi uma inspiração advinda das igrejas do Juazeiro do Norte e Canindé, no Ceará. O Atual relógio localizado no alto do templo foi instalado pouco tempo depois da conclusão da torre que já havia sido planejada para recebe-lo. O cruzeiro que anteriormente existia confronte da capela foi implantado nas missões realizadas pelos redentoristas Padre José e Padre Miguel, entre os anos de 1956 a 1958. Somente em fins de 1960 todas as obras foram finalmente concluídas pelo renomado Mestre Moisés. No Alto da igreja foi instalado o serviço de alto falante _ Difusora São Geraldo, a única via de comunicação local, que também servia para exibir uma programação de músicas variadas todas as noites, alegrando toda a população.

O povoado de Poço tomava novos ares. Zé de Moura assistia ao desenvolvimento. Em 22 de dezembro de 1959, o povoado passava a condição de Distrito pela Lei nº 171, originária de um decreto de lei do então vereador Manoel Alves Neto (Peixe Moura), representante do Poço ao legislativo municipal de Antenor Navarro ( São João do Rio do Peixe).

Grande era a alegria do benfeitor Zé de Moura, entretanto, sua saúde estava debilitada. Alquebrando pela idade vem a falecer às cinco horas da manhã do dia 15 de julho de 1966, vítima de um câncer na  garganta, sendo sepultado naquele mesmo dia às cinco horas da tarde, ao lado da igreja que construíra.

Com o passar dos anos, é criada uma escola, construído o mercado publico, posto de saúde, posto telefônico e instalada a energia elétrica. O Poço cresceu e foi elevado à categoria de município com a denominação de Poço de José de Moura, pela lei estadual nº 5914 de 29 de Abril de !994, sendo um projeto de lei do Deputado José Aldemir Meireles de Almeira. Dois anos mais tarde, em 03 de outubro de 1996, é realizada a primeira eleição do município, elegendo-se Juarez Alves Tavares, como prefeito, e Manoel Alves Neto, o Peixe Moura, como vice. O Município foi instalado oficialmente em 01 de janeiro de 1997.

Nas eleições de 01 de outubro de 2000, Juarez Tavares é reeleito prefeito municipal, tendo como vice-prefeita, Aurileide Egídio de Moura. Com o trágico falecimento do prefeito Juarez ocorrido em 15 de novembro de 2002, vitima de um acidente automobilístico, assume o governo municipal a vice-prefeita Aurileide Egídio de Moura.

Tendo uma grande aprovação popular, Aurileide resolveu disputar o governo municipal nas eleições de 03 de outubro de 2004, sendo eleita com uma maioria de 74,91% dos votos válidos, tendo como vice-prefeito, Antonio Gabriel (Em Memoria) - Mandato 2005/2008. 

Nas eleições de 05 de outubro de 2008 foram eleitos para prefeito Manoel Alves Neto (Peixe Moura) e para vice-prefeito, Walmy Quaresma - Mandato de 2009/2012.

Em 07 de outubro de 2012, Aurileide novamente foi eleita prefeita municipal, sendo conduzida a um terceiro mandato, e tendo como vice-prefeito André Anacleto, que governaram a cidade entre 1° de janeiro de 2013 e 31 de dezembro de 2016.

Em 07 de outubro de 2016, Aurileide novamente é eleita pela vontade do povo, agora tendo como vice-prefeito, o senhor Paulo Braz. Ambos tem mandato até o dia 31 de 2020.


Localização e acesso.

O município de Poço de José de Moura está localizado no extremo oeste do Estado da Paraíba, limitando-se a oeste, noroeste e sudoeste com Triunfo - PB, a Sudeste e Leste com São João do Rio do Peixe, a Nordeste com Uiraúna - PB e a norte com Joca Claudino. Ocupa um área de 100,971 km². A sede municipal apresenta um altitude de 300m e coordenadas geográficas de 38° 30'38" de longitude sul e de 06° 34'30" de latitude sul.

O Acesso a partir de João Pessoa é feito através da BR 230 até Cajazeiras, onde segue-se inicialmente através da PB 393 com destino a São João do Rio do Peixe. Nesta localidade que fica a 20 km da sede municipal, torna-se a via pavimentada a esquerda com destino a Brejo das Freiras, porém, antes de chegar ao Brejo segue em linha reta até chegar à sede do município, cerca de 525 km de distância da capital paraibana.

Aspectos socioeconômicos.

De acordo com o censo 2010 do IBGE, a comunidade conta com com uma população de 3.978 habitantes (4.276 pessoas em 2018), tendo uma densidade demográfica de 39,40 habitantes por Km².

O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal em 2010 foi de 0.612. O número de alfabetizados é de 2793. no setor da saúde o atendimento é prestado por cinco estabelecimentos de saúde cadastrado junto ao SUS, sendo uma unidade ambulatorial na sede do município. A educação conta com o concurso de 20 estabelecimentos de ensino fundamental e de 01 de ensino médio. A agricultura constitui a principal atividade econômica do município.

Aspectos Fisiográficos.

O município está inserido na unidade geo ambiental da Depressão Sertaneja, que representa a paisagem típica do semiárido nordestino, caracterizada por uma superfície de pediplanação bastante monótona, relevo predominantemente suave-ondulado, cortada por vales estreitos, com vertentes dissecadas. Elevações residuais, cristas e/ou outeiros pontuam a linha do horizonte. Esses relevos isolados testemunham os ciclos intensos de erosão que atingiram grande parte do sertão nordestino.

A vegetação é basicamente composta por caatinga Hiper xerófila com trechos de florestas Caducifólia. O clima é do tipo Tropical Semi-árido, com chuvas de verão. O período chuvoso se inicia em novembro com término em Abril. A precipitação média anual é de 431,8 mm.

Com respeito aos solos, nos Patamares Compridos e Baixas Vertentes do relevo suave ondulado ocorrem os Planos solos, mal drenados, fertilidade natural média e problemas de sais; Topos e altas vertentes, solos Brum não cálcicos , rasos e fertilinatural alta; topos e altas vertentes do relevo ondulado ocorrem Podzólicos, drenados e fertilidade  natural média e as elevações Residuais com os solos Litólicos, rasos, pedregosos e fertilidade natural média.

O município encontra-se inserido nos domínios da bacia do Rio Piranhas e sub-bacia do Rio do Peixe. Seu Principal tributário é o Rio do Peixe, além dos riachos Cambito e Condado. O principal corpo de acumulação é a Lagoa Vermelha. Todos os cursos d'água do município regime de escoamento intermitente e o padrão de drenagem é o dendrítico.

                   Fonte: Wlisses Estrela de Alburquerque Abreu, Prof.Me.História. Revista ENFOQUE, edição: 004/2015 - especial 21 anos de emancipação política..

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